Grafeno: aliado para indústria de alimentos
Ricardo Oliveira palestrou no evento de preparação para Mercoagro 2025 e destacou a utilidade do material
“Você joga cartas? Imagine que o grafite é como um baralho de cartas empilhado. Quando você escreve com grafite, espalha essas cartas. O grafeno é como uma dessas folhas isoladas do baralho”. Essa foi a explicação que o químico e cientista de materiais, Ricardo Oliveira, recebeu sobre o grafeno e também usou na sua palestra durante o Warm Up Mercoagro, nessa quinta-feira (21).
O evento é uma parceria da Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização da Carne (Mercoagro 2025) e do Pollen Parque Científico e Tecnológico, local que recebe a iniciativa até esta sexta-feira (22).
“Por que o grafeno é tão especial? Quando isolamos essa folha, ela apresenta uma condutividade elétrica até um milhão de vezes maior que o grafite, que é um semicondutor, mas o grafeno conduz muito mais, porque os elétrons têm um único caminho para percorrer. Essa descoberta rendeu para Andre Geim e Konstantin Novoselov o Prêmio Nobel em 2010, porque criaram uma nova área da ciência”, frisou Oliveira.
O palestrante destacou ainda que o material é 200 vezes mais resistente que o aço, extremamente leve e não é tóxico. Um grama de grafeno pode cobrir um campo de futebol. No entanto, para produzi-lo em grande escala é um desafio. Existem métodos físicos e químicos, mas todos buscam aumentar a eficiência e reduzir custos.
UTILIDADE DO GRAFENO
Oliveira salientou que o grafeno apresenta aplicações inovadoras na indústria de alimentos, especialmente em embalagens inteligentes. Ele pode conferir propriedades antimicrobianas às embalagens, além de criar barreiras mais eficazes contra gases e umidade, prolongando a vida útil dos alimentos. Embalagens com sensoriamento inteligente, como "língua" e "nariz" eletrônicos, permitem monitorar a qualidade do conteúdo, enquanto membranas feitas de grafeno possibilitam filtrar componentes específicos, como sódio ou lactose, viabilizando alimentos mais saudáveis e personalizados. Também, o grafeno pode ser produzido de maneira sustentável, utilizando rejeitos vegetais e animais, reduzindo custos e desperdícios. Outra inovação é a impressão de grafeno diretamente sobre alimentos, utilizando laser, o que possibilita o monitoramento da qualidade e comunicação em tempo real via Wi-Fi.
“Um caso interessante na indústria de embalagens é o uso do grafeno em substituição ao alumínio em filmes metalizados. O grafeno cria barreiras contra umidade e óleo, mantendo a textura e frescor do produto, além de ser reciclável, ao contrário das embalagens com alumínio. Testes demonstraram que os materiais nessa composição mantêm suas propriedades de barreira mesmo após sete ciclos de reciclagem”, afirmou o palestrante.
Oliveira certificou que o grafeno é amplamente testado e utilizado em diversas indústrias, mas para que sua aplicação seja eficaz, é necessário escolher fornecedores confiáveis e garantir o uso correto do material. Mencionou ainda casos bem-sucedidos, como o uso de grafeno em peças automotivas de grandes empresas, mas também apontou desafios, como o alto custo inicial, que pode desestimular startups. Alertou que empresas que não investirem nessa tecnologia agora correm o risco de ficarem atrasadas, enquanto que concorrentes já estão adotando o grafeno e ganhando vantagem competitiva.
CHAPECÓ
Oliveira noticiou que sua empresa será associada a uma companhia de Chapecó para a produção de grafeno no município. A indústria já está em construção.
22/11 • 10h47